É com grande estarrecimento que a Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde (FNCPS) recebe a notícia da exoneração da superintendente do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA)/EBSERH, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi, realizado pelo presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(EBSERH) e publicada no Diário Oficial da União do dia de hoje.
A FNCPS entende essa medida como autoritária e um golpe definitivo à autonomia universitária que perde o pouco controle que ainda possuía sobre uma das estruturas mais significativas para o cumprimento de suas funções acadêmicas (ensino, pesquisa e extensão) e assistenciais à comunidade.
Aa motivação para tal ato é o posicionamento crítico que a superintendente sempre adotou em sua relação com a EBSERH, não sucumbindo aos interesses privatistas e à lógica de mercado que orienta o funcionamento dessa empresa secundarizando as necessidades da população e o papel dos Hospitais Universitários na estrutura e organização do Sistema Único de Saúde (SUS).
Recentemente esse posicionamento foi expresso em uma Audiência Pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, realizada no dia 30 de maio do corrente ano. Um recorte descontextualizado da fala da superintendente foi utilizado por grupos fisiológicos e corporativistas locais que ainda amargam a derrota nas últimas eleições para a reitoria da UFAL, somado a apoios de diretorias de sindicatos de trabalhadores da EBSERH na tentativa de desqualificar sua atuação, colocar os trabalhadores da EBSERH contra sua gestão e comprometer o atual reitorado dessa universidade que não compactua com práticas que fogem do interesse da instituição.
Em resposta a essa posição arrivista, uma grande mobilização nacional foi realizada envolvendo sindicatos, movimentos sociais e populares, entidades de classe, partidos políticos, intelectuais e militantes da saúde, entendendo que a defesa dessa administração representa a resistência aos processos de privatização em curso no país envolvendo os “Novos Modelos de Gestão”, da qual a EBSERH faz parte, e a esperança na construção de propostas que reafirmem o caráter público, estatal e de qualidade que a FNCPS defende intransigentemente para o sistema de saúde brasileiro.
Em tempos em que a privatização da coisa pública, a criminalização das lutas sociais e a repressão aos que resistem aos retrocessos dos direitos dos trabalhadores são a norma imposta, essa mobilização foi o estopim que culminou com a demissão da superintendente do HUPAA sem ao menos haver qualquer tipo de discussão com a reitora que a nomeou, demonstrando o perigo que essa empresa representa para a tênue autonomia universitária que as demais universidades do país têm sobre seus hospitais.
A FNCPS reconhece que o trabalho que vinha sendo feito por Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi representa o compromisso da atual reitora Valéria Correia com os princípios que a elegeu de uma universidade democrática, transparente, participativa e voltada aos interesses da população; repudia tal medida entendida como uma afronta à autonomia das universidades; e exige a restauração da normalidade administrativa interrompida por tal ato com a revogação da portaria que exonera a superintendente do HUPAA, haja vista que qualquer mudança na direção deste hospital envolve discussão e deliberação por parte da reitoria da UFAL.
Pelo reestabelecimento da autonomia universitária
07 de junho de 2017
Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário